Teus olhos...
Rútilos cristais marfíneos
teus olhos de erva-doce e pecados
incendeiam, num instante, os meus
e dizem-me, calados, um triste adeus...
Gritam, íris qual mar bravio
verdes insanos, d'um matiz dourado
e rasgam o véu do tempo
e despem meu amargo lamento...
Extasiam-me, certos como lança afiada
um alvo, um brado e clamam
silenciosamente, sob zelos sagrados
choram em versos, choram desatinados...
Sim! Os teus...Claros em turvas nuvens de dor
onda que quebra e quebranta meu peito
Devagar, tece minhas preces ocultas
suplicam e gritam em casto louvor...
Olhos... oscilando em curvas
sinuosas mais que meu pobre amor
d'onde há profana esmola
sopro efêmero do teu dulçor...
dar-te-ei em fôlegos de suor e glória
os beijos que guardei, secretos
mais austeros que em mim, tão sóbria
tão embriagados de desejo e medo...
Ah, teus olhos... Farol na noite torpe
purificando sedas e cabelos
tombando os meus num fatal golpe...
Teus olhos de trigais entre quimeras
da mais eterna cor dos vales
verdes, como sempre os quisera!