Teus olhos...

Rútilos cristais marfíneos

teus olhos de erva-doce e pecados

incendeiam, num instante, os meus

e dizem-me, calados, um triste adeus...

Gritam, íris qual mar bravio

verdes insanos, d'um matiz dourado

e rasgam o véu do tempo

e despem meu amargo lamento...

Extasiam-me, certos como lança afiada

um alvo, um brado e clamam

silenciosamente, sob zelos sagrados

choram em versos, choram desatinados...

Sim! Os teus...Claros em turvas nuvens de dor

onda que quebra e quebranta meu peito

Devagar, tece minhas preces ocultas

suplicam e gritam em casto louvor...

Olhos... oscilando em curvas

sinuosas mais que meu pobre amor

d'onde há profana esmola

sopro efêmero do teu dulçor...

dar-te-ei em fôlegos de suor e glória

os beijos que guardei, secretos

mais austeros que em mim, tão sóbria

tão embriagados de desejo e medo...

Ah, teus olhos... Farol na noite torpe

purificando sedas e cabelos

tombando os meus num fatal golpe...

Teus olhos de trigais entre quimeras

da mais eterna cor dos vales

verdes, como sempre os quisera!

Anna Beatriz Figueiredo
Enviado por Anna Beatriz Figueiredo em 10/11/2009
Código do texto: T1914866
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