O SAL E O AÇÚCAR

Eu te declaro abertamente que tu me encobres sob sombras de constatações

Eu te elevo com ostentações enquanto me tens de um modo inconfesso

Eu te desenho em meu verso, tu me reduzes às insinuações

Enquanto te quero sem restrições, sou rastreado menos do que peço!

Eu sou daqueles que gritam seu amor em pleno alto-falante;

Sou ardoroso amante que transforma o universo sobre a cama;

Homem que não nega que ama e nem mensura quanto amará doravante;

Que colhe antes mesmo que plante, que incendeia antes de acesa a chama!

Tu és a chuva mais branda ao longo do inverno;

Céu que odeia e amor de inferno, sal que se perdeu na cana-de-açúcar;

Que é serena quando surta e que consegue errar com o álibi certo;

Um oceano mais seco que um deserto, vinho esquecido da uva!

Se formos ponderar, um grande amor não poderia ter chegado até nós dois;

Nem mesmo agora ou depois essa jornada improvável vingaria;

Eu sou vulcão e tu és calmaria, somos a perda que a lógica não repôs;

E ainda assim foi o destino quem propôs o que o amor não contrapôs e que a paixão confirmaria!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 09/11/2009
Reeditado em 08/09/2012
Código do texto: T1913904
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