Outono sem festas

As folhas prosseguem flutuando,

Secas, como também secas de saudade

Todas as tardes amarelas de outono.

É nos cabelos dela que escondo,

Oculto as paixões,

Faço versões,

Palinódias entre as pautas,

Enquanto mundanas rameiras,

Vadias se trocam,

Despindo toda virtude já despida

Aos refratários raios da limpidez.

O bronze cobiça a tez,

Alvejada pelas mãos.

A boca nem uma vez,

Quis ou tentou sorrir.

O olhar se perde no fim da estação

E o corpo buliçoso rebusca,

Debruça sobre o pecado,

Cai como folha seca,

Para nunca mais se erguer,

Sempre rastejante levada pelo vento.

Vida imunda da tarde que me abraça,

Da noite que chega sombria,

No minuto que o pano cai,

Na hora que pouco a pouco vai

Desfilando em meu rosto

A crua realidade de ser homem

Na coragem de ser confesso.