A flor da pele (Caminho das Pedras)

A flor da pele (Caminho das Pedras)

Uma lua azulada, pairando no Infinito, lança a Terra, em total desespero, seus raios mais sensuais

Tapete de grama orvalhada, madrugada em gemidos candentes, lanterna de vagalumes insistentes

Pastoreando desejos inclementes, Dioniso ébrio, indecente; Faunos com Ninfas e Vestais em solstício bailar incoerente.

Instintos solteiros na noite, hiperbólicos uivos de lobos famintos, amantes em libertinos madrigais

A abóbada celeste acoberta amores que se querem mais densos, quereres incontidos, intensos

Paixão febril, desatada, doença sutil, mal-curada, insidiosa, temida, paradoxalmente querida, intensamente buscada.

A flor da pele incendeia a tua simples presença, o teu sorrir feiticeiro é farol na tempestade, guia de minha longa jornada

O meu amor perdigueiro ausculta teus passos em silêncio, a seguir, cativo, o teu cheiro, em frenesi, aluado - desprovido de todo bom senso.

Sinfonia de pássaros silvestres, batuta de deuses rupestres, engalanam teu corpo devasso, a render-se sem remissão.

Teu voltear repentino me pega desprevenido, meu queixo na tua nuca, meus lábios em tua orelha, arfar ansioso, atrevido.

É guerra aberta, sem trégua, carga de cavalaria em tropel, a planície de teu ventre é colméia farta de mel em ponto de ser sorvido

Almofadas de utopia acomodam o retorno do sonho, cadeias de braços nos prendem, apaziguados, felizes – siameses em um só coração.

Identificamos a quem amamos por várias peculiaridades. Para mim, a mais importante delas é o cheiro, parte da nossa atávica herança animal. O cheiro, somado ao tato, define a intensidade da paixão que sentimos. fato, para mim, inconteste. Sentir, sob meus dedos, a pele de pêssego de meu amor, aspirar o perfume de seus cabelos, me faz viajar por mundos distantes, dos quais retorno debaixo de muito protesto.

Descortinar os picos gêmeos de teus seios-pêssegos e deambular através de teu ventre- planície, meu amor, é certeza cristalina do caminho das pedras que conduz a sonhada alcova de Pasárgada.

Vale do Paraíba do Sul, Madrugada do segundo Domingo de Novembro de 2008

João Bosco (Aprendiz de poeta)

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 09/11/2009
Reeditado em 13/04/2010
Código do texto: T1913386
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