No semi-árido da vida

Da janela do ônibus

me pus a observar,

as árvores secas,

a aguardar

chuva pra brotar

o que parece sem vida,

esquecidas, sem lágrima pra esboçar,

mas sobrevivente,

carinho ausente,

vida a arquejar.

Lembrei me do sertanejo,

que sobrevive, com luta,

enluta-se, não se arreda,

alegra-se, não se rende,

surpreende.

Com sua alma tão firme,

fé serena, tão ardente,

quente como o clima,

serra abaixo, serra acima.

É semelhante, com quem quer amar

No peito, o coração a pulsar,

se recente, do carinho ausente.

no clima dos sentimentos,

pensamentos homeopáticos,

nem sempre simpáticos,

mas sempre presentes.

coração a chorar, capaz de se alegrar,

quando algum pingo de amor se chega,

renova a alma, que almeja.

Alimentam o sonho dos que desejam

conservando a esperança,

num esperar que não se cansa,

e mais tarde, quem sabe, alcança.

Se lança à vida,

outrora esquecida,

jamais suicida.

Zalvo
Enviado por Zalvo em 10/07/2006
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