No semi-árido da vida
Da janela do ônibus
me pus a observar,
as árvores secas,
a aguardar
chuva pra brotar
o que parece sem vida,
esquecidas, sem lágrima pra esboçar,
mas sobrevivente,
carinho ausente,
vida a arquejar.
Lembrei me do sertanejo,
que sobrevive, com luta,
enluta-se, não se arreda,
alegra-se, não se rende,
surpreende.
Com sua alma tão firme,
fé serena, tão ardente,
quente como o clima,
serra abaixo, serra acima.
É semelhante, com quem quer amar
No peito, o coração a pulsar,
se recente, do carinho ausente.
no clima dos sentimentos,
pensamentos homeopáticos,
nem sempre simpáticos,
mas sempre presentes.
coração a chorar, capaz de se alegrar,
quando algum pingo de amor se chega,
renova a alma, que almeja.
Alimentam o sonho dos que desejam
conservando a esperança,
num esperar que não se cansa,
e mais tarde, quem sabe, alcança.
Se lança à vida,
outrora esquecida,
jamais suicida.