Meu Primeiro Amor
Oh! Meu primeiro amor,
foi arrebatador!
Carrega até hoje consigo
A intrepidez de ser eterno.
Ai! Seus olhos árabes
Sem a deselegância do véu
Reza uma lenda que...
"Quem olhar para eles
Terá um minuto no céu"
A derme pálida
feito um algodão-doce
Não é só carne sobre osso
É um firmamento
_ Os póros são estrelas
Os pêlos são cometas
E os seios são planetas
Morre... quando esse mundo é pequeno
para a imensidão do seu sorriso
Vi-lo atravessar as paredes da nuca
E passar pelos limos da testa
Querer pular dos versos
e ganhar todo o universo...
Ah! Próximos amores
Não tiveram e nem terão
O frescor e os primores
do meu amor primeiro. Pioneiro!
E vivem a infelicidade
de serem passageiros
Mas acerca desta mata
Vive também a esperança
Verde e alada
Voa entre as folhas
Diz, berliques e berloques,
de palavras caladas
misteriosas
diz que não há escolha:
"_Virá um amor mais denso
mais calmo,
mais remanso,
quase nem parece amor.
Enche a casa de filhos e netos
Faz compras as domingos
E na semana assisti a novela
Entorta o nariz porque "cê" é macho
mas no fundo "cê" gosta..."
Arranca desse peito
O róseo dourado
Que rebentou suas artérias
Por tanto tempo
Arranca desse peito
Mas não dessa memória
Quê é uma vida,
sem uma bela história?
Não é vida, é escória!
E eu sei que vou morrer...
E eu morro, ó amada!
Mas não é essa rosa que levo
Pois essas flores são só flores
encolhidas em alguma floricultura
É o nosso amor que levo
afora desta sepultura
Para uma eternidade breve
Mas somente nossa...