Nas linhas do poeta

Um sóbrio juízo desponta no centro de mim

desmistificando os medos causados pelos fantasmas que vi,

atitudes somadas aos sonhos contritos dos quais me servi

e que nunca pensei perdurassem no tempo mostrando o fim.

Desnuda-me o espírito em atos reais do concreto sabor

diferindo das amargas sombras onde um dia me descobri,

iluminando os caminhos, vaga - lume dos agouros que ouvi

nos gritos do mundo soando nos céus como constante clamor.

Quebra-se a imagem do santo onde as rezas gravaram em outro chão

os gemidos que ilustraram os campos com a tinta verde de um remanso em flor,

a flor perdeu a semente, não tem perfume, mudou a cor

e o orvalho convertido em lágrimas alimenta a ferida crescida nos passos da ilusão.

Sobre os montes segue o poeta a única luz que se faz ver,

levanta a bandeira ao mostrar as mãos em rimas pedindo por paz,

seus versos cantam o silêncio aos surdos ouvidos que o esperam cantar,

nos acordes a canção vai tomando o destino que não pode conter.

E assim nova história se faz conhecer nos sonhos que condenam a flor,

no espaço onde a virgula se ausentou, vem exclamando o sóbrio escritor,

o ruído lhe diz do tempo que antes perdido, somando se achou

no lugar dos escritos que pontua a sentença dando fim a sua dor.

30/05/2006

Aisha
Enviado por Aisha em 10/07/2006
Código do texto: T191172