PULSOS AVULSOS
Pode ser que hoje eu só chegue mais tarde
Pode ser que hoje, apenas hoje eu não vá...
Quem sabe hoje neste momento eu não esteja sã...
Estarei distante, e perto da beleza ofuscante de um cão vestindo botas brancas...
Posso estar apenas pintada com a cor da minha parede...
Invisível...
Lendo atentamente as palavras que um dia imaginei escrever nas paredes do meu quarto...
E quem sabe louca!!
Mudo até o meu nome para cenourinha...
Sofrendo, antecipando conversas de pessoas que andam ao meu lado.
Conspiração...
Verdades inversas, orquestradas pela mão de um senhor idoso, que também já as viu...
Depressiva...
Foram suas mãos ali... Em mim...
Nunca passando dos meus pulsos. (risos) E jamais saindo das minhas lágrimas...
Salgando meus lábios, fazendo-os rachar.
Sem que eu dissesse...
Nunca.
Nunca.
Rodeada por faces que mais parecem saídas de uma ópera, caminho de cabeça erguida, dia após dia, menos nos dias de chuva...
Há essas gotas... tão iguais, tão cheias de aromas...
Ou de linhas traçadas, entrelaçadas, mostrando a mim meus próprios sentimentos.
Cartas secretas que chegam ao meu endereço são desenhadas uma a uma pelo pulso que nunca avançara...
Quem sabe hoje, apenas hoje eu não vá, pois chove, estou lendo aqueles versos, atordoada, tentando escrever minha história tendo como papel o vento, o lápis são os meus olhos percorrendo a fumaça que sai da lareira que já se apaga por completo...
Vou me vestir, quando os seus olhos não estiverem mais em mim, se vá, amanhã não me espere!
Pode ser que amanhã, apenas amanhã eu só chegue mais tarde...