POEMA DAS ESTAÇÕES

Nosso idílio começou

Entre revoos de insetos

Explosão de pólen em efervescência.

Eclodindo flores várias,

Diante de nimbos, cumulus e cirrus

Em alternância,

Surgiu o céu de primavera:

Nas tardes, o horizonte,

Como uma abóboda

De fogo, preparava

Para rasgar a fértil

Manhã, com seu poder

De projetar a luz,

Assim nos iniciamos.

Elevou-se a temperatura

Em picos exuberantes,

Quando nossos corpos

Como que adormecidos

Sobre o calor da areia

Mapeavam-se e se exploravam

Em tórridos momentos

Do verão que se instalou

No longo de nossos dias.

Mas... com o tempo,

o despencar das promessas

que não se concretizaram,

como folhas mortas,

Que jazem soltas ou sobrepostas

Ou como palavras

que penderam sem aviso,

talvez necessárias à renovação,

Mas que se perderam

E não prevaleceram

No outono do amor.

Num movimento

De translação fomos

Arrebatados além

Do sol do amor que migrou

Pra longe de nós, numa inversão térmica,

Nascida da indiferença

que fez nosso horizonte

se acinzentar.

Sofremos, choramos, nos perdemos.

Como num passe de mágica,

Que só o amor pode realizar,

Hibernados, ressurgidos, nos refizemos,

nos reencontramos,

Como que ressuscitados

Para uma nova estação.