SEM DOR

Viver sem você

é como mergulhar

num mar de escuridão,

refletindo o céu cinza-chumbo

de nuvens invernais.

É como ressentir,

após a primavera dos sonhos,

ter de se acostumar ao frio

que enrijece e enregela a alma,

a buscar pelo calor do leito

que esfriou.

Como me afastar

do que representa

a vida em ebulição,

de aves em frenética debandada,

rumo aos mares do sul,

em busca de calor

e do sol de verão?

Jamais me afataria,

da alegria de curtir,

sem dor e queixas,

este céu rasgado, sem nuvens,

que se escancara,

a dois palmos de nosso nariz.