APENAS UM TOQUE
Em algum lugar
há um telefone que toca.
Toca, rompendo o silêncio
de vozes que calaram
na partida.
Toca, iluminando a escuridão
dos olhos fechados de saudade.
Um toque que aproxima
mãos que se procuram,
braços trêmulos,
bocas secas...
Pele que sente o toque do vento
que sai num único ritmo
dos peitos ofegantes.
Lábios ávidos que se tocam...
Dedos se aproximam do som,
um gesto,
um alô,
uma estrela que se abre;
palavras que tocam ouvidos,
coração e sensações.
E naquele diálogo
de sussurros e segredos
eles nem se tocam dos minutos que passam,
das horas que voam.
E quando se calam
o silêncio diz tudo...
E cada qual no seu refúgio
olha sonhador para a lua
e é assim que eles,
mesmo distantes,
se tocam.