Súplica
Um pouco de você,
só um frasco.
dose mínima naquele instante
para contestar a distância,
uma ausência criada,
ávida adormecida aqui dentro.
Preciso receber nas sinfonias,
nas lágrimas angelicais,
saídas, vindas do azul.
Um pouco de você... o mínimo,
uma palavra,
um só gesto, um acorde,
sonorizando tanto silêncio.
Grades deste amor retido,
sufocado nas discriminações,
nos reversos que o mundo faz,
nesta vida que rola presa,
segura por fios frágeis,
sobre abismos imensos,
sombrios, ficções de nossas existências
mas reais no dia a dia.
Faça, crie uma palavra,
invente um gesto que estremeça,
perturbe meu interior,
numa esperança esquecida,
resguardada nos temores que as manhãs,
as tardes revelam nas noites,
que sou, que vivo na linha apagada,
sem passado, no presente vazio
sendo um objeto sem objetivos
nos segredos do amanhã.