Despedida
Não ardas quando em quedas me toma
melhor que te afastes absorto nesta névoa,
clausura dos amargos ímpetos
celas dos mortais...
Do riso teu emana torpores malditos
que em glória, minh'alma faz infinitos
riso de verbo e injúria,
tal como lâmina atravessando o peito.
Dor é que me causa teus olhos
o pesar eterno de não tê-los
pois só em mim, tão pouco bastava
e num instante se findaria meu grito.
Grito de escrava, mortal desejo
sucumbida às velas que clareia sombras
nelas supunha o tempo,
nestas sombras mortas, envoltas em medo.
Do meu rubro cantar, um gesto
que jaz em teu corpo qual único segredo.
Farta estou, entre prantos e pesadelos
deste teu pródigo amor
da paixão desmedida que finges não vê
das palavras soltas, desmedidas
Não mais traçar meus anseios?
mas se por eles vivo, como de ti desprendê-los
se és o ar que respiro
se tú és, somente, a vida e nada mais...
Que dor infernal e extasiante
ardem alma e corpo inteiros
faz da escuridão teu dôrso,
repôuso dos meus anseios.
Não quero já falar de tí, não mais...
estás matando-me aos poucos
pois que tú és a vida e tudo que há em mim
és minha, imensa e insensata, razão de existir!