LUSCO FUSCO
Nem dia nem noite
Apenas um limite
Entre o claro e o escuro
Entre a rua e o muro
Nem no dia nem na noite
Escapo do açoite
São desejos obscuros
Por trás destes muros
Nem o sol nem a lua
Podem iluminar a minha rua
Não vejo nenhuma cor
Nem beijos somente a dor
É luz que ilumina
É luz que cega
É luz que caminha
É luz que nega
É um cinza emaranhado
Tão calmo e tão brusco
Um invisível condenado
Esse eterno lusco fusco
Me sinto tão incapaz
Dentro desse cinza injusto
Nada parece servir mais
Nesse fatal lusco fusco