“Fales que eu te escuto”

- Hoje acordei triste, embora o dia estivesse lindo, o mar azul e as praias maravilhosas. Meu coração só pedia amor, minha noite fora calma, não fora de açoite surrado, nem por um pernilongo maltratado. Mas as luzes da ribalta até agora não acenderam, o palco continua em trevas e meu coração é de fazer dó.

Minha alegria continua triste, os artistas não chegaram e nem avisaram se houve algum contratempo em seus trajetos. O certo é que continuo na solidão, na expectativa maior da cena que não aconteceu.

Embora ninguém possa me responder o coração interroga e roga por socorro. Viajando penso ir ao Monte Sinai em busca da Tabua de Moisés, visitar templos sagrados e sentir a força de Deus! para acalmar este ser inquieto e fazer dele a base do amor, das sensações divinas e da bondade infinita.

Ah, arranque esse punhal encravado em meu peito, deixe meu sangue correr livremente, para que eu possa ser a semente do bem e fazer desse palco um mundo melhor!

Se eu disser que o amor é cego, que a verdade não existe, que a solidão não persiste, estarei faltando com a verdade ao meu Criador, ao irmão sofredor e a minha própria alma.

Juro não mais pecar, se é que o pecado existe, não pretendo castigar nem ser castigado pelo amor que insisto. Quer ver, solte uma pombinha branca e observe a paz com que ela voa, o amor que há em seu bico, veja! não se faça de arrogado.

“Vem amor que a hora é essa”, deixe-me sonhar em teus braços e num abraço me acolha de verdade, traga a sensação do prazer e da bondade, satisfaça o desejo da humanidade carente e sedenta de carinho.

“Quantas vezes eu disse que te amava tanto, quanta vezes enxuguei o teu pranto e agora eu choro só sem ter você aqui..”.

Então venha, a minha paz é toda tua, seja na casa de campo ou nas ruas agitadas da cidade. Venha no vento, no pensamento ou no seu cavalo baio, porque isto é apenas um ensaio de um imenso lamento. E te espero, como a folha espera a brisa, como o mar espera o vento, sob a asa delta parada sobre o mais calmo vento.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 09/07/2006
Reeditado em 10/07/2006
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