MOINHO DE GENTE

Lembrança

Da consciência pouco brotou

Morreram as lembranças

Nasceram as dores.

Falsos sabores

de caricias esquecidas.

GOSTO DE TI

Goste de ti,

Tão quanto às folhas gostam do vento

Tem dias que te quero aqui

Outros dias quero-te distante de mim.

FLOR

Minha flor morta

Porque nascestes mortas assim?

Morta de desejos,

Morta de ciúmes,

Morta em mim.

ESQUINAS

Há cada esquina

Se dispara um perigo

Um calibre abastecido em dor.

Há cada esquina se ouve um grito

Anônimo de puro terror.

NOS ATORES

Poesia para poeta

Bicicleta para atleta

Água para o mar

Dinheiro para somar

Historias para contar

Verdade para contestar

Amar para odiar

Ódio para amar.

Cabelo para cabeça

Cabeça para pensar

Esquina para curvar

Curva para o vento

Vento para balançar.

Cabeça, tronco e membros.

Menos para somar

Somália fome faz tempo

Em Berlim vai nevar.

Fogo em teu cata-vento

Que a fumaça não pode apagar.

Quem desmentiu teu talento

Levanta daí e vai atuar.

Marcos Marcelo Lírio
Enviado por Marcos Marcelo Lírio em 03/11/2009
Código do texto: T1903136