Soneto de Amor
Soneto 54
William Shakespeare
Oh, como a beleza parece mais bela,
Com o doce ornamento que
a verdade produz!
A rosa é bela, mas mais bela a vemos
Pelo doce perfume que nela seduz.
As rosas silvestres têm a mesma cor
Que as doces rosas perfumadas,
Os mesmos espinhos, a mesma volúpia
Quando o ar do verão expõe os botões escondidos;
Mas como têm na aparência a única virtude,
Vivem esquecidas e murcham obscuras;
Morrem sozinhas. As doces rosas, não;
De suas doces mortes
surgem as mais doces essências.
Assim também de ti, bela e amável jovem,
Fornecido o frescor, tua verdade em meus versos persiste.
***
Soneto de Amor
Guida Linhares
Se minha verdade
em teus versos persiste
é porque me fiz bela para ti
me vesti de seda dourada
e penteei meus longos cabelos
e neles coloquei uma flor
a rosa mais bela
que tu me presenteaste
na tua ternura incansável
no teu carinho diário
na tua presença marcante
na tua palavra tão certa.
De rosa silvestre que me tornei
pelas agruras da vida,
me fizestes enxergar
o frescor das rosas doces
que desabrocham para o amor.
Bendito sejas
pelo bem que trouxeste
ao meu coração ferido.
Das essências divinas
tu me deste a mais singela
no calor do afago
e do "eu te adoro",
plantando uma semente de fé
e de esperança no porvir.
***
Santos, SP
08/07/06