BOÊMIA

Palhaços declamando quânticas aquarelas de fogo

janelas estufadas pela vermelhidão dos ventos de punhos cerrados

por onde quer que eu passe

a boêmia dos fantasmas tece

saxofônicos gritos

ecoando no deserto das estrelas

aonde odaliscas escrevem com as lágrimas

a história do amor libertário que eu te devoto

O sol espalha a canção selvagem do sexo

pelos pássaros de fogo dardejados dos raios acordeônicos,

da igreja em ruínas a fé permanece em farrapos

bebendo sonhos numa tigela de espelho estrelado

cujo adeus é o ônibus escuro da lua no inverno,

eu sigo na boêmia, na boêmia tocata

dos vagabundos, a chama da estrada

desenhada no olhar, e a saudade

o porto de pedra da minha lágrima por ti desenhada