O Amor que me Faz Falta
Transborda nos mares da paixão
Da gente que mundo afora se arvora
Qual deuses de volúpia incontida
Que sem pudor, sem medida,
Deleitam-se no pecado da luxúria
Que contrasta com a lamúria
Dos mortais que sequer têm o pão.
Aflui no brilho do olhar dos transeuntes;
No sorriso doce e singelo das crianças;
Na ternura do enlace entre os amantes
Ou no gesto do ato do perdão.
O amor que me faz falta
Sobra nos olhos orvalhados de lágrimas;
Aninha-se no pobre travesseiro aluído
Por mais um esforço desmedido
De alguém que só um tanto precise
Do pouco amor que tenho
E que, não doando, parece me fazer falta.