De amor e de guerra...

Num campo minado

pisoteei alva flâmula

e me encontrei trêmulo

ensanguentadas mãos

num desejo servil, nú, desmascarado

e o horizonte aberto.

Meu peito pulsando por Ela...

Campo celeste

de sonhos imprecisos

a ordem, o fardo, o tempo

do corpo adornado por rubras estrelas

constelação oculta

qual os Seus olhares: meu medo!

nos olhares Dela, habito...

Seu timbre lembra o alvo

e Seus olhos, Nanquim derramado,

no campo, me acertam

despem-me do pudor supérfluo

glorificam-me qual anjo barrôco.

E meu todo efêmero segredo, resta Nela...

da baía, os pés regressam em carne

do coração chagado, um canto

de cacos e estilhaços prateados.

Prateada 7,62...

E Ela inda me espera no cais...

do Seu ventre imaculado

meu grito silencioso.

minha continência solene

reverência aos olhos acesos, amendoados.

Sua doce melodia me chama...

Num grito incerto

do campo devastado

extermínio findado

minh'alma jaz...

n'alguns lírios que Ela traz...

O último disparo

num desatino feroz

busco os lábios fugídios

perdição mortal de nós dois.

Mortalmente, Ela me seduz...

Em clarão a noite se esvai

deixando o leito manchado

no mesmo campo minado de sonhos

de pulsares instantâneos

Seu coração aos prantos...

Perdoe-me, Guerreira Sacra

se desvios do olhar me traem

fora do campo, amo-Te em silêncio

amo-Te como o sol ama a lua

e nada mais...

Ela estende-me Seu dôrso e posso dormir em paz!

Anna Beatriz Figueiredo
Enviado por Anna Beatriz Figueiredo em 31/10/2009
Reeditado em 31/10/2009
Código do texto: T1896955
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