Perscrutando o Interior
Vasto celeiro de inspirações,
Onde está a fonte ditosa,
Em que ramo repousou seu talento,
A maneira singela de quebrar o silêncio?
Em que canção perdida,
Ela ficou no verso esquecida?
Em que ponto tinto de caneta,
Ela pairou, a festejar amores?
Em que lágrimas ela escreveu saudade?
Em que canto de olhos,
A última gota serenou mansamente,
Pendeu e ficou pelo canto da boca?
Vasto celeiro ilusório,
De vozes, cânticos celestiais
Inebriando, fazendo folia ao transitório,
No passageiro em fuga,
Desapercebidamente saída,
Enquanto pelas plumas leves,
Na passagem de brumas breves,
Segredados pelos rumores da noite,
Minha poesia não alcançou,
Não percebeu o toque sutil,
Que a fez oculta.
Em que canto agora repousa,
Enquanto adormeço entre papéis
Em meio a devolutos poemas
Rasgados, queimados, infiéis,
Na proibida visão de não tê-la nas entrelinhas?