A CANTADA

Por que me olhas assim, indiferente,

Se o desejo também lhe correu à mente

E fez teu sangue ferver a fantasia?

Não mintas, não fujas do destino,

Deixe a alma seguir em desatino,

Viva o encanto que apenas principia.

Joga fora, por um instante, teus grilhões

Pois se o acaso uniu dois corações

Talvez exista uma razão desconhecida.

Tu és linda, me espanta tua beleza.

Meu desejo é correr à tua mesa,

Roubar-te um beijo e saber de tua vida.

Serás alegre ou quem sabe serás triste?

Será que um amor antigo ainda existe?

Conte prá mim o teu segredo mais oculto.

De minha parte, te ofereço um ombro amigo,

Enquanto sonho em um dia estar contigo.

Dê-me tua mão senão eu tomo como insulto.

Por que, meu bem, não crês no meu amor?

Por que me tomas assim por impostor?

Por que, minha querida, por quê?

Porque desconheces a força de teu olhar,

Que é simplesmente impossível não te amar

E que me tens inteiro à tua mercê.