O AMOR É PARA TODOS
Eu vi.
Vi um casal de mendigos deitados.
No meio fio, os dois abraçados.
Sem se importarem com a multidão que ali passava,
estavam ele e ela, ela e ele, ambos entrelaçados.
Não pude ver o rosto da mulher,
mas suas mãos acariciavam o rosto do homem.
O semblante sofrido parecia em certo ponto aliviado.
Afinal, o amor não é para um qualquer.
Tornou-se impossível ao meu ser,
demonstrar indiferença.
Meu coração sentiu-se tocado,
por aquele momento de singela presença.
Naquele chão sujo, envoltos sob fumaça espessa,
fizeram de uma caixa de papel o seu leito de amor.
Os olhos fechados do homem, com certeza não olhavam o futuro,
mas com certeza, naquele instante, não revelavam uma vida de dor.