Este Teu Olhar Enviesado
Este Teu Olhar Enviesado
Tão grande ele surge, ardente, rompante - travesso e sorrateiro,
Menino devasso, intrépido; não reconhece percalços.
Rédeas soltas, desenfreadas, apressado - ocupa os espaços.
Ama com força, abusado: viril, destemido - é desejo guerreiro
De teu corpo, teus beijos, teu abraço mais doce, teu olhar de viés.
É um querer combinado, de cúmplices, parceiros – Ah! Que mulher que tu és.
É quando a vida se expressa, intensa, opressiva; em sua forma mais plena,
Pujante, sedenta, com urgência feroz; gemidos sussurros, uns se vão – outros vem,
Formam a pauta da hora, é a posse temida, esperada, ansiada - querida também.
Impossível parece, não cabe temor; dois amantes em gozo - é uma prece de amor,
Tem suas fases renhidas, outras mansas, suaves, mais leves, amenas.
Maciez de gazela, tua pele sedosa, dela faço repasto, me transmuto em vetor.
Na cama, no chão, de toda forma te quero; um querer mais maduro, mais forte, constante.
O teu riso brejeiro, tuas momices, negaças; o menear de tuas ancas me tira do sério.
Quando deitas, quieta, a respirar bem pausado - fico olhando, pasmado - a sondar teus mistérios,
Esperando, temente, o encaixe sonhado: com firmeza de crente, vou chegando na fonte.
Tu me deixas sem Norte, insone, demente, a clamar por teu cheiro – perdido, carente.
Teu encaixe perfeito me faz mais completo: não sou nada discreto - minha fome é patente.
Como é bom ficar te olhando, apenas olhando, numa daquelas tardes descompromissadas, sem vontade de nada fazer – só mesmo com vontade de ficar com você, tentando adivinhar as tuas dubiedades. És uma fonte de água cristalina, daquelas perdidas entre as macambiras, cobertas de flores brejais – água doce que mata a minha imensa sede de você.
Vale do Paraíba, noite da última Quarta-Feira de Outubro de 2009
João Bosco (Aprendiz de poeta)