Meus passos
Já caminhei muitos passos,
vi muitos caminhos, uns cuidados, outros nem tanto,
vi abismos, me vi em muitos,
fui o descompasso no ritmo que canto...
Me vi só no único nome gravado na árvore
que no meio do caminho contava o tempo da partida,
revi o lago, o mato, o cheiro da despedida,
fui fiel ao secar a lágrima que intrusa invadiu minha face.
Rasguei a poesia com a qual me vestia,
desfiz as rimas hipócritas de versos mal formados,
tirei os sapatos e senti pela primeira vez o chão
na terra que percorri sem saber se chegaria ao ponto esperado.
Abri meus olhos diante do sol que castiga o andarilho,
vi a luz que cega, aceitei o desafio e segui,
ossos ornando o caminho por onde a vida passou
curvavam-se silenciosos aceitando o destino que vi surgir.
A noite com seu manto cobre o mundo enfeitado de estrelas,
ainda há lua no céu que pensei não mais existir,
na voz da noite, um único som e apenas o silêncio
no canto ferido que dita os passos que vou seguir.
20/05/2006