Natureza

Na árvore havia uma borboleta

Como se morta estivesse.

Na pedra um grilo ajoelhado

E duas bravas formigas em prece.

Uma iguana a mil por hora (em fuga)

Como se um motor na cauda tivesse.

Um bem-te-vi gritando: bem-te-vi, bem-te-vi

E no solo uma andorinha sem pressa.

Um homem que olhava para o infinito

Como se previsse um temporal

Vestindo roupas coloridas

Como se fosse dia de carnaval.

Uma paixão arrebentando no meu peito

Como se houvesse jeito de na desavença

Por fim, uma dor latente, uma verdade

Dolente passeando dentro de mim.

A borboleta morreu e as formigas a comeram.

A pedra está lá, no mesmo lugar

O grilo na minha cabeça permaneceu.

E por seu nome amor continuo a chamar.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 28/10/2009
Reeditado em 28/10/2009
Código do texto: T1891469
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