Natureza
Na árvore havia uma borboleta
Como se morta estivesse.
Na pedra um grilo ajoelhado
E duas bravas formigas em prece.
Uma iguana a mil por hora (em fuga)
Como se um motor na cauda tivesse.
Um bem-te-vi gritando: bem-te-vi, bem-te-vi
E no solo uma andorinha sem pressa.
Um homem que olhava para o infinito
Como se previsse um temporal
Vestindo roupas coloridas
Como se fosse dia de carnaval.
Uma paixão arrebentando no meu peito
Como se houvesse jeito de na desavença
Por fim, uma dor latente, uma verdade
Dolente passeando dentro de mim.
A borboleta morreu e as formigas a comeram.
A pedra está lá, no mesmo lugar
O grilo na minha cabeça permaneceu.
E por seu nome amor continuo a chamar.