Sorri
Sorri tão frio, sombrio
enquanto se finda minha fé
instante, instantes quaisquer.
Sorri seco, me acostumo
sorri ao marmóreo som do vento
Sorri, que minh'alma inda chora em lamento.
Cala, mas sorri contínuo
És clarão que me ilumina.
Quando eu choro, rí
teu sorriso é sol entre a neblina.
Sorri, teu olhar doce grita
vibrante harpa entre quimeras
sorri, enquanto entrego-te minha vida
a chaga rubra, minha espera...
Cínico, surges qual estrela
e teu arfar rútilo me aquece
sorri do gôzo âmago da perda
sorri, que sorrindo me enlouqueces...
Sorri quebrantado em vão prazer
posso sentir, único, teu corpo inteiro
teu peito aberto, teu singelo segredo
Sorri quando te olho, amena
a face disfarça teu anseio.
Dou graças, sorri jorrando desejo
sorri para segurar teus ardentes beijos!