DESPREZO
Será que tu existes mesmo?
Ou será que te produzi, enfermo,
Para, em delírio, me embriagar?
Serás a brisa que refresca a alma?
Ou a linha que me cruza a palma?
A flor mais linda deste lugar!
Eu sei que com os olhos falas!
Nem imaginas os sonhos que embalas
Na alma triste deste servo teu...
Para romper esse silêncio aflito,
Cruzei o espaço, lancei-me no infinito,
Num desafio maior que o de Romeu.
A amada dele, a doce veronesa,
Não tinha de ti um décimo da beleza
Mas não negava ao louco a sua voz.
Já tu habitas um mundo tão silente
Onde hiberna o olhar mais reticente,
Pai dos tormentos e da dor atroz.
Que devo fazer para ser aceito,
Uma estrela, eu busco, está feito!
Só não me peças que não te queira.
Pois que tu és, para mim, o oxigênio,
A musa que inspira todo o meu gênio,
A luz que cura a minha cegueira.
22/23.Out.03