Pa de deux
A flor se enche de cores
Num jogo lúdico, alegre,
Prenhe de sedução.
Posta-se impudica, entregue;
Ausente de qualquer razão
Aos mimos dos beija-flores.
Assim tu fazes menina
Comigo: bizunga que sou.
Com trejeitos de bailarina
Carrega-me num pa de deux
De teu encanto não saio. Antes me prendo; pássaro sem rumo.
Ao sugar teu néctar, menina moleca: não caio. Mas beija-flor me aprumo.
Prossegue o baile da vida
Com insanas coreografias,
Arautos de más notícias, mantendo abertas feridas.
Um voejar de abelhas em insensatas porfias.
Recolho-me, bizunga matuta, pois pouco entendo de tais labutas.
Embrenho-me em versos e trovas.
Oh Zeus! Poupa-me destas provas.
Sou um mero aprendiz de poesias.
A escrita, embora arredia e inóspita, é meu campo sagrado de luta.
Durante minha estadia no sítio de minha prima Lourdes, na Terra Vermelha, assisti inúmeras vezes ao namoro da Bizunga com as flores, das quais recolhia o néctar, retribuindo com a polinização de todas as outras flores, numa troca maravilhosa. Um mágico pa de deux.
Vale do Paraíba, tarde do primeiro domingo de Março de 2009
João Bosco (aprendiz de poeta)