Obstinado

Necessito de ti.

Só teus beijos têm a água

para a sede que me mata.

O ar que respiro me sufoca

sem o cheiro da flor que te habita,

a brisa asfixia-me sem teu hálito de rosas.

Necessito que me salves do suicídio

Pois, sem ti, a esperança em mim se mata,

o tempo me tortura com dois punhais de bronze,

e a poesia se enforca em cada linha que escrevo.

Sem ti, tudo morre sem futuro,

A vida sangra em cada verso derramado.

Meu corpo sofre a falta do teu corpo

em cada noite inútil que se arrasta,

em cada hora frágil que perece,

em toda solidão que me estrangula.

Minhas mãos são dois pássaros cegos

que te buscam

no negro pântano da insônia.

Falta-me a luz do teu olhar

para que eu saiba da manhã que se anuncia.

Necessito descobrir o amor em ti.

O menino que te chama no teu nome

vive em mim aprisionado,

de joelhos e cabisbaixo,

esperando que o aqueça nos teus seios,

esperando que o acolhas no teu ventre,

obstinado por, em ti, nascer de novo...