Na ponta dos dedos
As tuas mãos, em busca das minhas, num querer descuidado, enquanto me aninhas, teu olhar já nublado.
Em transe diáfano teus lábios ciciam palavras perdidas; teu sorriso traduz o prazer nunca visto, nem mesmo sonhado.
Acalmo teus medos com antigos segredos, a percorrer tua pele com a ponta dos dedos, em um pedir sussurrado.
Vou despindo teus véus no carinho de tua face, a ouvir tua voz, embalada no sono em completo abandono - é um sonhar encantado
Ali deitado comigo, teu corpo querido, toquei com esmero, a medir teus espasmos, a sentir teus tremores.
Teu umbigo, tão lindo, é uma estrela cadente, templo de penitente, contrito e temente, a implorar teus favores.
Não fujas a vida; esta é prá ser sorvida como vinho mais puro, saia deste canto escuro e me tragas teus beijos de exóticos sabores.
Teu abraçar tão pungente, teu calor propagando, como fogo na mata minha pele queimando, querendo você, perdida de amores.
Ah, como é bom ser menino, namorar com você, sem tempo nem hora, sentados na grama, um brilho novo no olhar.
Fico a ouvir tua voz a cantar para mim, um canto tão terno, que mergulha em minha alma a me suprir tua ausência
O teu sorrir tão pequeno, teus passos serenos, a esconder a mulher na menina faceira, a fazer brincadeiras com tanta inocência.
Tudo fica mais leve, os caminhos mais amplos, o sol bem mais amigo, se você está comigo, não existe perigo que eu não possa enfrentar.
Muito bom te ver, te abraçar e dividir com você a mesma porção de ar. O beijo rápido e o abraçar mais demorado formam a assimetria perfeita prá você, minha princesa insólita: oferta e negação contidas num mesmo e exótico presente.
Vale do Paraíba, manhã da segunda Terça-Feira de Julho de 2009
João Bosco (Aprendiz de poeta)