Carta ao vento
Onde foi parar
Havia uma carta
Sobre a ponta da estante
Estante branca
Em dia claro
Escrita em noite de inverno
A tarde fria
Janela aberta
E a ventania a voar, venta
levou a carta flutuar...
Foi uma pena
Voar, voar, voar
Foi uma pena de família
Com tinteiro de estirpe familiar
Pena de tinteiro
Tinteiro de cor negra
Carta branca a ventar...
Falar sobre o amor platônico
Difícil mesmo confessar
Noites de insônia
Dias de espera
Por esta carta a selar...
O amor ao vento
mas que lamento
Sem endereço certo
Ao léo
Ao céu
Cruel...
Um tomento embaraçar
Procurar a carta a vagar
Sobe e desce cada andar
Edificio
É dificil encontrar...
O amor de tanto tempo
Guardado em peito estreito
Em pensamento confuso
Guardado do chucalho da boa hora
Carta descompensada
Foi embora antes da leitura
Endereçada leitura a si entregar...
Que ironia do amor
Quem poderia imaginar
Carta apressada, desgovernada
Foi embora sem dar tchau
Sem recado deixar...
Sem que o autor
Por medo de se mostrar
Sem a ousadia de assinar
Com sua poesia pudesse conquistar
A feliz pessoa que por amar
Recebeu pela janela
A antecipada branca carta
Que da estante fugiu
Sem que o emissor
Estivesse por lá...
"Quem será que me escreveu?".