SALVE-ME

Certo da incerteza que remonta essa crise à tona;

Quero ser o dono de minha dona, sangrar o seu olhar quando tateio;

Crer na reedificação do esteio, erguer meu grito da lona;

Eu quero muito o pesadelo da insônia, onde alquebro-me por inteiro!

Eu só preciso das migalhas de tuas gotas, porque teu rastro é mar;

Vem me alquebrar, forma única a me possibilitar o reajuntamento;

Entendas que não sou momento, pra que teu hoje venha me eternizar;

Pra desse sofrimento me salvar, pra me doar o recrudescimento!

É quase a face do infinito o simples gesto de tua mão;

Que me resgata do chão, que ignora a força sórdida desse ocaso;

Teu beijo unifica os cacos desse vaso e cola artérias do coração;

Induz a mórbida estiagem à fé por inundação, aprofunda o sonho raso!

Segue-se o clamor da minha alma que o fel desiludido aqui propaga;

A chama não se apaga, quer da paixão, quer da algoz feroz solidão;

Seja a solução, antes que a esperança fuja na centelha que apaga;

Eu te imploro: me salva! Dá-me o teu coração!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 24/10/2009
Código do texto: T1884325
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