SALVE-ME
Certo da incerteza que remonta essa crise à tona;
Quero ser o dono de minha dona, sangrar o seu olhar quando tateio;
Crer na reedificação do esteio, erguer meu grito da lona;
Eu quero muito o pesadelo da insônia, onde alquebro-me por inteiro!
Eu só preciso das migalhas de tuas gotas, porque teu rastro é mar;
Vem me alquebrar, forma única a me possibilitar o reajuntamento;
Entendas que não sou momento, pra que teu hoje venha me eternizar;
Pra desse sofrimento me salvar, pra me doar o recrudescimento!
É quase a face do infinito o simples gesto de tua mão;
Que me resgata do chão, que ignora a força sórdida desse ocaso;
Teu beijo unifica os cacos desse vaso e cola artérias do coração;
Induz a mórbida estiagem à fé por inundação, aprofunda o sonho raso!
Segue-se o clamor da minha alma que o fel desiludido aqui propaga;
A chama não se apaga, quer da paixão, quer da algoz feroz solidão;
Seja a solução, antes que a esperança fuja na centelha que apaga;
Eu te imploro: me salva! Dá-me o teu coração!!