Mártir

Vê. Aos poucos morre

Tua amada

Como mártir está sendo

Levada

Suas mãos nem foram atadas

Sequer se defende

Das pedradas

Vê. Ela trilha seu destino

Amargurado

Sendo o amor, o seu único

Pecado

O silêncio é a figura do seu rosto

Ela sorri, mas o olhar

É de desgosto

Digna do ideal pelo qual está morrendo

Aceita tranqüila

Os golpes que está sofrendo

Uma lágrima piedosa flutua em seu olhar

Como pedra de jóia rara

A brilhar

Ah! O tempo obscuro já soprou a sua sentença

Despiu-lhe do beijo e de tudo mais

Que a ela pertença

Tirou dela a esperança de rever

Seu grande amor

E a alegria dos seus pés na chuva

E também o seu doce olor

Vê. Agora caminha de encontro à morte

Nada mais a comove

Já aceitou sua sorte

Teus lábios eram santuário de devoção

E o teu corpo,

Objeto de adoração

Vê. Bradam a ela, querem o teu nome

Mas, não há capaz

Que dela o tome

Ela fecha os olhos, seu destino aceita

E os tons do crepúsculo

Sua face enfeita

Morria. E o teu nome a sufocava

Morria. E nada falava

Caiu na terra seca, triste e só

Pela lei de Deus,

Voltará ao pó!

Vê. Há muito sua alma morreu

Seu espírito silenciou

E o corpo, que por dedicação,

Tanto foi surrado.

Agora, repousou

E a imagem do teu rosto

O teu nome

E o seu amor

Para o sepulcro, ela levou!