AMOR VENENO

Nem todo amor promove o bem de quem o tem;

Pois há o que ludibria todo alguém que esperança lhe atribui;

O que arranca e não restitui, mantém a paz demais além;

Quando intervém se faz miragem do que não é e nem possui!

Existe amor algoz, um insensível atirador de hábil crueldade;

Cujo aroma aparenta liberdade, mas tem sabor de clausura;

No coração repleto de ranhura, embriagado pela inverdade;

A gente tem por ele lealdade e ele nos paga com tortura!

É amor que beija gelado e não deseja dividir a mesma chama;

Amor ator nos palcos da cama, que nunca entende quem lhe quer;

Ausente mesmo se presente estiver, um movediço drama;

Talvez involuntária trama, ou mesmo um poço infindo sem fé!

Que amor é esse que se contradita por ideologia?

Promove a escuridão em vez do dia, seu laço com o pranto é obsceno;

Devasta o coração ingênuo e toda esperança silencia;

Que amor é esse inimigo da alegria, que em vez de cura prefere ser veneno?

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 22/10/2009
Código do texto: T1880511
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