AMOR VENENO
Nem todo amor promove o bem de quem o tem;
Pois há o que ludibria todo alguém que esperança lhe atribui;
O que arranca e não restitui, mantém a paz demais além;
Quando intervém se faz miragem do que não é e nem possui!
Existe amor algoz, um insensível atirador de hábil crueldade;
Cujo aroma aparenta liberdade, mas tem sabor de clausura;
No coração repleto de ranhura, embriagado pela inverdade;
A gente tem por ele lealdade e ele nos paga com tortura!
É amor que beija gelado e não deseja dividir a mesma chama;
Amor ator nos palcos da cama, que nunca entende quem lhe quer;
Ausente mesmo se presente estiver, um movediço drama;
Talvez involuntária trama, ou mesmo um poço infindo sem fé!
Que amor é esse que se contradita por ideologia?
Promove a escuridão em vez do dia, seu laço com o pranto é obsceno;
Devasta o coração ingênuo e toda esperança silencia;
Que amor é esse inimigo da alegria, que em vez de cura prefere ser veneno?