Na Noite passada…
Fui passear
No rio
Sem nada mais
A que me dedicar
A não ser isso
De passear
Por passear
Estava sozinho
Ouvi um sorriso
Lembrei-me de Ti
Mas não estavas ali
Ouvi claramente a tua voz
E por fim sorri
Estavas vestida de sereia…
De sereia?
Mas que imaginação minha
Que raio de ideia!
Cheguei-me à margem
E no meio da noite
Vi a tua imagem
Não eras bem tu
Era de facto uma sereia
Aquela musa eterna
Luz que alumia
A minha escrita
Desenlaça
Os laços da minha imaginação
E estavas ali
Para contemplarmos a imensidão
Disse-te olá
E tu respondeste a rir
Não falavas
Só te rias
Pois essa
Era a forma
Que escolheras
Para te exprimir
Disse-te
“Amo-te…”
Como prova do meu agradecimento
Por dares às minhas palavras soltas
Um bonito polimento
Quis-me aproximar
Mas logo te afastas-te
Quis-te beijar
Mas um beijo recusas-te
Percebi então
Que autores
E musas
São entes ligados
Mas entes distintos
Que devem estar perto
Mas devidamente separados
Pois a magia da criação
Vive desta dicotomia
Deste tipo de estado
E fui então para casa
Amava-te
Amar-te-ia para sempre
Pois esse era o meu dom
A minha maldição
Deitei-me em paz
E sonhei contigo
Ao som
Desta espécie de canção
Na Noite passada…