Na Noite passada…

Fui passear

No rio

Sem nada mais

A que me dedicar

A não ser isso

De passear

Por passear

Estava sozinho

Ouvi um sorriso

Lembrei-me de Ti

Mas não estavas ali

Ouvi claramente a tua voz

E por fim sorri

Estavas vestida de sereia…

De sereia?

Mas que imaginação minha

Que raio de ideia!

Cheguei-me à margem

E no meio da noite

Vi a tua imagem

Não eras bem tu

Era de facto uma sereia

Aquela musa eterna

Luz que alumia

A minha escrita

Desenlaça

Os laços da minha imaginação

E estavas ali

Para contemplarmos a imensidão

Disse-te olá

E tu respondeste a rir

Não falavas

Só te rias

Pois essa

Era a forma

Que escolheras

Para te exprimir

Disse-te

“Amo-te…”

Como prova do meu agradecimento

Por dares às minhas palavras soltas

Um bonito polimento

Quis-me aproximar

Mas logo te afastas-te

Quis-te beijar

Mas um beijo recusas-te

Percebi então

Que autores

E musas

São entes ligados

Mas entes distintos

Que devem estar perto

Mas devidamente separados

Pois a magia da criação

Vive desta dicotomia

Deste tipo de estado

E fui então para casa

Amava-te

Amar-te-ia para sempre

Pois esse era o meu dom

A minha maldição

Deitei-me em paz

E sonhei contigo

Ao som

Desta espécie de canção

Na Noite passada…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 22/10/2009
Código do texto: T1880378
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