FACES DO AMOR

Eu vejo a flor querendo o broto debutar sob o olhar da folha verde;

E testemunho a solitária sede daquela outra a quem o tempo ressecou;

O vazio cais onde o navio embarcou e o sorriso do destino que lhe teve;

Vejo o pescador feliz ante a repleta rede e o sofrimento de quem nela se achou!

Eu posso ouvir o grito sertanejo pela chuva e o desejo pelo adeus de quem a tem por inimiga;

A porta que alguns adentram para outros é saída e toda rota apresenta antagonismos;

Olhos vertem prantos e também sorrisos, o fim de toda energia é a fadiga;

O chão do paquiderme também serve pra formiga, existem lógicas e silogismos!

A vida prematura está chorando na maternidade enquanto o corpo velho desce à sepultura;

Manhã no ocidente é no oriente a hora escura, onde os opostos se mostram simultâneos;

Os mesmos pés dão passos certos e errôneos, há maltratados e os afortunados da ternura;

Há tanto a lucidez como a loucura, infinitas galáxias e porões terrestres subterrâneos!

Do mesmo modo eu vejo laços tanto quanto as lacunas;

Solo sem grão e imensas dunas, terra seca e o paradisíaco torrão insular;

Uns sob o teto e outros a vagar, imponentes oceanos e singelas lagunas;

Risos alegres em contraste com dores profundas, uns vivendo de amor e outros morrendo de amar!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 21/10/2009
Código do texto: T1879729
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