FACES DO AMOR
Eu vejo a flor querendo o broto debutar sob o olhar da folha verde;
E testemunho a solitária sede daquela outra a quem o tempo ressecou;
O vazio cais onde o navio embarcou e o sorriso do destino que lhe teve;
Vejo o pescador feliz ante a repleta rede e o sofrimento de quem nela se achou!
Eu posso ouvir o grito sertanejo pela chuva e o desejo pelo adeus de quem a tem por inimiga;
A porta que alguns adentram para outros é saída e toda rota apresenta antagonismos;
Olhos vertem prantos e também sorrisos, o fim de toda energia é a fadiga;
O chão do paquiderme também serve pra formiga, existem lógicas e silogismos!
A vida prematura está chorando na maternidade enquanto o corpo velho desce à sepultura;
Manhã no ocidente é no oriente a hora escura, onde os opostos se mostram simultâneos;
Os mesmos pés dão passos certos e errôneos, há maltratados e os afortunados da ternura;
Há tanto a lucidez como a loucura, infinitas galáxias e porões terrestres subterrâneos!
Do mesmo modo eu vejo laços tanto quanto as lacunas;
Solo sem grão e imensas dunas, terra seca e o paradisíaco torrão insular;
Uns sob o teto e outros a vagar, imponentes oceanos e singelas lagunas;
Risos alegres em contraste com dores profundas, uns vivendo de amor e outros morrendo de amar!