A PERDIÇÃO EM MINHA MESA
Todos os dias tantos papéis acumulados sobre a mesa;
Que sua presteza só me ocorre quando decorrem iguais indícios;
Seus benefícios são atrelados à rotina costumeira;
Que inexiste uma maneira de poder vê-la e não prevê meus sacrifícios!
Nela eu assino e projeto, nela aglutino diversas matérias;
Na ativa ou nas férias, nela pensar é cansar e pesar a memória;
Nos acúmulos de sua história incontáveis volumes e peças;
Porque seguramente é dessas cuja cena do novo seria ilusória!
Mas foi nela que de fato uma certa odisséia nasceu delirante;
No imprevisível advento do instante que serviu ao impulso voraz;
Onde o instinto fez-me capaz de introduzir o meu vigor transbordante;
Onde criamos nosso pequeno horizonte naquele estonteante desejo por mais!
Objetos jogados ao chão e um corpo de deusa estirado na mesa para mim;
Perdição anunciada em clarim, amealhada ao prazer de teus gemidos;
Nossos corpos fundidos, nossos cílios minando gotas de jasmim;
O princípio sem fim exatamente sobre o palco de outros ofícios!