A PERDIÇÃO EM MINHA MESA

Todos os dias tantos papéis acumulados sobre a mesa;

Que sua presteza só me ocorre quando decorrem iguais indícios;

Seus benefícios são atrelados à rotina costumeira;

Que inexiste uma maneira de poder vê-la e não prevê meus sacrifícios!

Nela eu assino e projeto, nela aglutino diversas matérias;

Na ativa ou nas férias, nela pensar é cansar e pesar a memória;

Nos acúmulos de sua história incontáveis volumes e peças;

Porque seguramente é dessas cuja cena do novo seria ilusória!

Mas foi nela que de fato uma certa odisséia nasceu delirante;

No imprevisível advento do instante que serviu ao impulso voraz;

Onde o instinto fez-me capaz de introduzir o meu vigor transbordante;

Onde criamos nosso pequeno horizonte naquele estonteante desejo por mais!

Objetos jogados ao chão e um corpo de deusa estirado na mesa para mim;

Perdição anunciada em clarim, amealhada ao prazer de teus gemidos;

Nossos corpos fundidos, nossos cílios minando gotas de jasmim;

O princípio sem fim exatamente sobre o palco de outros ofícios!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 21/10/2009
Código do texto: T1879026
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.