ABRE A JANELA

Abre a janela mulher formosa!

Abre a janela porque o sol despontou,

A claridade já desabrocha como a rosa,

E a passarada, na mata, cantou.

Abre a janela mulher vestida de fogo,

Cujos olhos são brasas ardendo,

O riso cristalino como água vertendo,

Para ouvir o meu canto, o meu desafogo.

Abre a janela, debruça teu alvo colo,

Para que o Sol lance raios de desejo,

Entre as rendas onde estão teus seios,

Que me deixam iludido em devaneios.

Abre a janela e olha o céu infinito.

Ouve, do meu coração, o angustioso grito

De amor que me enche o peito como um rio,

Em seu deslizar manso e vadio.

Abre a janela, pois quero falar, te dizer

Que de tanto amar hoje sou um perdido,

Preso ao teu encanto, muito tenho sofrido,

Sem o teu amor, que posso nesta vida fazer?

(para um amigo apaixonado)