CONFISSÃO CALADA

Ela me olha de um modo intrigado e questionador

Já eu simulo não sentir fervor e mal disfarço o que procuro

Um desinteressante afã maduro, uma sereia, ardil num broto em flor

No mundo que ela sonha não estou, em sua mira sei que não perduro!

Se viro o rosto ao ser por ela visto, do mesmo modo ela procede

Quem olhará o olhar que antecede vai perceber algo inaudito

Um querer levitante e não dito, um silêncio que pede

Mas naquilo que a prudência me impede, percebo esse nunca infinito!

Não há qualquer cumplicidade entre as nossas motivações

Ela e suas curiosas imaginações, eu com meus anseios retraídos

Aqui tantos sintomas inibidos, lá nada me inclui às intenções

E eu só confesso aos meus botões esses desejos proibidos!

Todos os dias eu peço ao acaso que mais uma vez lhe traga

Bem sei que seu olhar me flagra, que quase falo no que me denuncia

Mas meu coração jamais se pronuncia e nem se atreve sonhar em conquistá-la

Se nos meus olhos esse amor nunca se cala, prossegue mudo a confessar-se a cada dia!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 20/10/2009
Reeditado em 13/12/2012
Código do texto: T1877157
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