Quando Encantado Eu Levitar em Ti

Quando eu te vir como ninguém te olhou,

vestida apenas de luar e plumas:

eu vou te olhar como não vi nenhuma...

E vou te amar como ninguém te amou.

Hei de encantar-me com o que reveles

do belo cálido guardado em ti,

para viver o que jamais vivi

colhendo beijos sobre a flor da pele.

E nos teus seios de cereja e lua

-Taças repletas do licor do céu-

de todo amor tu me darás o mel

e me dirás a murmurar: Sou tua!

Farei contigo o que ninguém já fez,

num ritual de adoração e fé,

eu vou beijar-te da cabeça aos pés

como se fosse a derradeira vez....

Eu vou buscar-te, onde a ternura goza,

com a loucura que se faz desejo,

como se fora te vestir de beijos,

como se fora te invadir de rosas.

E sem noção do que irei sentir,

envolto em luzes de divinos véus,

em teu olhar eu vou chegar ao céu

quando encantado levitar em ti...

Na hora extrema das carícias ternas,

quando razão extasiar-se louca,

nós viveremos em sedentas bocas,

convulsos braços, delirantes pernas.

Então, tomados pelo frenesi,

Dividiremos o amor primeiro:

Eu, desejando te invadir inteiro,

e tu querendo me guardar em ti.

Nós já seremos um só ser de luz,

depois do gozo, na serenidade,

ao levitarmos pela eternidade

Co’a graça etérea de dois anjos nus...