Esperança Contrita
Quando o rouxinol canta
Com o orvalho da manhã sereno,
O amanhecer torna-se ameno
E tardias esperanças despontam.
A luz do dia é singular,
As trevas da noite uma incógnita,
Para o homem soturno nada importa,
Senão a vontade e o desejo de amar.
Na natureza há as alegorias
Que o homem devaneia a cada instante,
Mas as esperanças temperam seu semblante,
Mesmo que sejam velhas e tardias.
O Sol do dia purifica e mata
A Lua esconde secretos desejos,
O homem vive à cata dos lampejos
Que a fotografia do mundo retrata.
A vida prossegue sem atritos
Dos que esperam algo acontecer...
O homem que perambula é o mesmo ser
Que aguarda paciente e contrito.
A sede de amar é a vergonha sincera,
Os ingredientes vivificam o amor...
O homem que soube suportar sua dor
Tem na esperança o prêmio justo pelo espera.