São palavras, Meu Amor, não passam de palavras…
Únicas
Em grande número
Mas com o cuidado
De nenhuma
Ser desperdiçada
São palavras, Meu Amor, não passam de palavras…
Sou eu quem peço
Sou eu
Quem digo
Em inúmeras linhas
Espelho fiel
De uma
Ou mais vidas
Que te quero
Comigo
Sou eu que choro
Sou eu que aprendi a rir
Quando em vez de chegares
Te sinto a partir
Nos labirintos
Da minha memória
Onde vives em permanência
Mas demasiado evanescente
Para que possa
Delinear
Uma história
Com principio
Meio
E quero evitar um fim
Apesar das tuas ausências
Pedirem
Um ponto final
Mas afinal
Eu sempre
Tive uma narrativa aberta
Tal como a porta
Por onde te foste embora
Que nunca deixarei
De todo fechada
Para tudo ser ainda possível
Pois apesar
De todos os “poréns”
Em indubitavelmente
A minha amada
Com quem sonho
Nas grandes
Madrugadas
Jubilosas
Da criação
São palavras, Meu Amor, não passam de palavras…