Amor pesado

Um dia abri a porta,

sem ver a rua,

a ver navios,

tudo vazio

e a alma quase morta.

Uma noite chorei desilusões

sem saber que o coração

andava desolado,

só e lado a lado,

sem por outro coração sentir-se amado,

apenas testemunhando que a lua

viçava no céu desacompanhada,

como se entre estrelas houvesse estradas,

entre o dia e a madrugada,

feito noite solitária e vil.

Um dia hei de fechar a porta

e não me deixar ser outro idiota,

mas apenas amar fora de mim

o que dentro tanto me amarem.