Musa Inspiradora

"O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente."

Fernando Pessoa.

Discordo do grande poeta, pois nem sempre é assim,

não finge sempre sentir o poeta a poesia sentida,

ele transpira os versos trabalhado

molda as palavras numa dor de compartilhar ao mundo aquilo que escondes,

o poeta não é sempre um fingidor,

muitas vezes ele assume o papel de observador.

Caminhando por uma praça atento acha,

o sorriso transparente de uma criança

ou de um casal envolvido em momento de ternura,

ou a rosa mulher que passa deixando seu perfume,

desabrochando em seu coração a vontade de escrever a poesia.

Foi assim que passeando descobri,

entre um orkut e outro uma singela diferença,

não atentando à beleza fulgural apenas,

quando a imagem estática esconde o tamanho do olhar,

o poeta fecha os olhos e com o coração observa a profundidade.

As palavras cuidadosamente escolhidas para um perfil,

demonstra um resumo de qualidades que emergirão com o tempo,

fera, bicho, anjo, mulher de traços tão singelos,

ao mesmo tempo tão marcantes que chocam de reflexão a esperança,

semelhante do pintor que busca o auge de sua inspiração,

escrever pequenos diante da musa que passa

é motivo de grande redenção àquele que escreve.

Meu privilégio de me encontrar em teus encantos,

mulher de traços singelo, distila a poesia do observador,

que assiste atônito com seu lápis e papel na mão,

rascunha palavras, apaga, como se fosse Bethoven na busca de sua décima sinfonia,

é estrela cadente que passa, numa noite de verão,

onde a lua se ausenta, mas uma estrela brilha,

no mesmo olhar sereno,

na mesma pele bronzeada,

cuja meus versos navegam a procura da perfeita poesia.

Não foi a tôa que grandes poesias surgiram de platônicos amores,

aqueles intangíveis até mesmo em pensamento,

mas que fazem o poeta descobrir seu limite como pensador,

e a sua imensa capacidade de sentir,

não finge aos olhos, apenas descreve...

Aquilo que seus olhos marejados apenas de longe vê,

embora não haja limite para os sonhos, sonha ausente,

da esperança de viver esse amor pulsante,

sangue que corre pelas veias de amante,

que sonha cantante, navegando por essa estrada virtual...

Entre uma e outra parada, precisa expressar sua afeição,

mesmo que compelido seja obrigado a negar tudo aquilo que sente,

pois, se não bastasse a dor sentida seja julgado fingidor,

não finge, sente, assenta e escreve...os versos muitas vezes não lidos,

as dores muitas vezes atenuadas,

pela poética tradução dos seus olhos

diante a sonhada beleza, embora intangível as suas mãos,

porém não as palavras...

Francis Poeta
Enviado por Francis Poeta em 16/10/2009
Código do texto: T1870247
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