AINDA SOU AMOR
Um dia fui insignificância e me imbuí da mais honrosa inexistência em teu olhar;
O mesmo a me traspassar sem perceber infinitudes de paixão que a ti vertiam;
Espetáculos que não te atraíam e nunca recebiam o teu mínimo contemplar;
Já fui tudo que não há, naqueles dias em que meus lábios jamais te beijariam!
Mas o jamais virou talvez quando o acaso fez tombar os nossos sonhos na esquina;
E desenhou-se nova sina em desafio a tudo quanto não previa o logicismo;
Eu que me via despencando de um abismo era amparado por singela chuva fina;
Daquelas que ao sono reanima e nunca desanima perante o limiar do próprio brilho!
O mundo revirou seus eixos e os solstícios de teu sol viraram equinócios;
Mudaram-se os esforços e o destino agora zomba intervindo nas motivações;
Vivi à sombra de tuas percepções e agora sou a água salvadora desses poços;
Razão desses destroços que tanto se opõem às primeiras impressões!
Porque é oportuna essa vontade de voltar aos tempos de indiferença;
Desejas esquecer essa doença que em tua cruz hoje se transformou;
Teu coração ainda não me soterrou, na tua cama ainda faço a diferença;
E até que a vontade de vencer me vença serei na tua vida exatamente o que eu sou!