AINDA SOU AMOR

Um dia fui insignificância e me imbuí da mais honrosa inexistência em teu olhar;

O mesmo a me traspassar sem perceber infinitudes de paixão que a ti vertiam;

Espetáculos que não te atraíam e nunca recebiam o teu mínimo contemplar;

Já fui tudo que não há, naqueles dias em que meus lábios jamais te beijariam!

Mas o jamais virou talvez quando o acaso fez tombar os nossos sonhos na esquina;

E desenhou-se nova sina em desafio a tudo quanto não previa o logicismo;

Eu que me via despencando de um abismo era amparado por singela chuva fina;

Daquelas que ao sono reanima e nunca desanima perante o limiar do próprio brilho!

O mundo revirou seus eixos e os solstícios de teu sol viraram equinócios;

Mudaram-se os esforços e o destino agora zomba intervindo nas motivações;

Vivi à sombra de tuas percepções e agora sou a água salvadora desses poços;

Razão desses destroços que tanto se opõem às primeiras impressões!

Porque é oportuna essa vontade de voltar aos tempos de indiferença;

Desejas esquecer essa doença que em tua cruz hoje se transformou;

Teu coração ainda não me soterrou, na tua cama ainda faço a diferença;

E até que a vontade de vencer me vença serei na tua vida exatamente o que eu sou!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 16/10/2009
Código do texto: T1869850
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