A GUERRA POR AMOR
Um dia ainda vou ludibriar esse destino traiçoeiro;
Provar a fraude do discurso verdadeiro, dizer que a saciedade é famélica;
Que não há nada mais histérica e nem colérica que a face do pesadelo;
Onde a metade é maior que o inteiro de uma moralidade estética!
Há de chegar a ocasião em que o mascarado será o desmascarador;
Provar-se-á que a cura é a própria dor, que a justiça coabita com a crueldade;
Demonstrarei que a mordaça faz alarde, que o silêncio é denunciador;
E ao paralúnio que a noite apagou direi que é legítima a clandestinidade!
Porque os muros da fronteira não vão conter pra sempre essa fissão;
E o teto vai precipitar o lampião, restando enfim a luz do teu olhar;
Eu vou guerrear, ferir e até sangrar no coração;
Vou enfrentar as hordas da oposição, se for preciso pra te conquistar!