Em branco
Empunho a espada pelas mãos
de um destino que quis conhecer,
grito surdo poder em mentes que mentem
dizendo que são o que não podem ser,
carrego a semente que germina o chão
desenhando os passos que um dia idealizei,
no corpo que dorme, um sonho
e outro antecipando o despertar de novo amanhecer.
Transcrevo as leis nos espaços em branco da vida
que um dia em cantos recebi,
refaço as letras perdidas pelo compasso do tempo
que pensei em mim existir,
retomo o caminho restaurando a obra na tela
onde a história é apenas o resto do que foi,
sabendo ser a supremacia em gozo no corpo
que revela os segredos dos contos que ouvi.
Dorme entregue, o corpo despido
que em versos insanos declamei e segui,
nos leitos do mundo, um planeta puxando outro
pelas constelações que criei e vivi,
mais um gozo e o orgasmo nas letras sem compasso
dos versos cantados em sol
anunciando as manhãs que renascem em crepom
no céu que entoa novos acordes em si.
19/06/2006