O GRITO DA RIMA

Chega de arestas

Senões e contornos

Da cara limpa sem festa

corpo sem adornos.

Chega de singular

Monólogos sem sal

Da voz sem cantar

Amor sem plural.

Chega de omissões

Das meias verdades

Olhar sem visões

Pouca lealdade.

Chega do absoluto

Do certo e concreto

Som do viaduto e

Carinho sem teto.

Que venha o mau jeito

O tropeço, o não sei

O descompasso no peito

coração fora da lei

Que venha o trovão

O paraíso, boa libido

O “sim”, porque não?

A perda do juízo.

Que venha o corte

Toda desordem...o raio

O impossível, a morte

Mães da praça de maio.

Que venha a escuridão

A loucura, tudo errado

A queda, o palavrão

Noites sem namorado.

Que venha o rascunho

Erros de português

O cerrar do punho

Por coisas que nunca fez.

Que venha a transgressão

A labareda e o lábaro

vias de quatro mãos

O machado do bárbaro.

Que venha o esconderijo

O antes sem depois

A exposição do lixo

Lugar que caibam dois

Que venha a velha idade

Ausência da memória

Pouca fertilidade

Rugas roubando história.

mas...

Que venha um louco afeto

Que não passe, nem sare

Sorrindo por remédio incerto...

Até que a morte não os separe.

Mirea
Enviado por Mirea em 16/10/2009
Código do texto: T1868808