NÃO ME DEIXEI MORRER

Na distância impossível de percorrer,
Nas coisas que procuramos em vão,
Nos sonhos que vêm ter conosco ao crepúsculo,
Cujos frutos são os sonhos que afagamos e amamos,
Porque sabemos o que há pela vida afora,
Talvez porque a alma é grande e a vida pequena,
Só vemos até onde chega o nosso olhar.
A inquietação é profunda, desejos de outras coisas,
Talvez de outros modos de estados de alma,
Uma busca interior lenta e longínqua.
Por essa hora, nesse momento, não sei como viver,
Esculpir um corpo e existência, nitidamente plausíveis,
Dentro de um pensamento exteriorizado como energia,
Em que não sei que sensações ter ou fingir que tenho,
O que fica é um perfume no caminho dos meus olhos,
É a passagem que veste-me de vida, de amor, de sensibilidade.
Seja por essas horas em que não me levei a me enterrar
E esquecer-me da mulher, dos sentidos, do coração,
Escrevo tudo como restos de vidas, em pó de todos os ventos.

Adriana Leal




Texto revisado por Marcia Mattoso